Os títulos chegaram a desvalorizar 43,07% para 2,71 dólares, um novo mínimo histórico desde a sua entrada em bolsa em 2018.
Entretanto, as ações “aliviaram” para uma queda de 33,93% para 2,75 dólares, tendo desde o início do ano derrapado 37,64%.
A Farfetch registou um prejuízo de 281,34 milhões de dólares no segundo trimestre do ano, depois de registar lucros de 67,67 milhões de dólares no período homólogo de 2022.
A plataforma de comércio de moda de luxo registou receitas de 572 milhões de dólares, uma queda de 1,28% face ao período homólogo e aquém do esperado pelo consenso de mercado (650,71 milhões de dólares).
O EBITDA (lucros antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) aprofundou a queda para um resultado negativo de 30,57 milhões de dólares, contra 24,22 milhões no segundo trimestre do ano passado, tendo ainda ficado acima do esperado pelos analistas (-11,4 milhões de dólares).
Já o valor bruto das mercadorias (GMV – Gross Merchandise Value) cresceu 1,2% para 1.032,6 milhões de dólares. Sem o impacto cambial, o GMV teria subido apenas 0,8%.
Também o GMV desapontou os especialistas, que apontavam para 1,12 mil milhões de dólares.
Os analistas estão dececionados e alertam para o efeito desta surpresa negativa nas ações. “[A Farfetch] deu um passo atrás”, depois de um primeiro trimestre encorajador, considera o analista Ike Boruchow do Wells Fargo.
Já Lauren Schenk do Morgan Stanley defende que até que a perceção sobre a empresa melhore, “as ações manter-se-ão abaixo de uma avaliação justa”.
Lauren Schenk vai mais longe e avisa mesmo que a confiança na administração liderada por José Neves precisa de ser restaurada para que entrem em cenas novos compradores de ações da companhia.
Entre as 21 casas de investimento que cobrem o desempenho em bolsa da Farfetch, 10 recomendam “manter” os títulos, nove “comprar” e duas “vender”.
O consenso dos analistas fixa o “target” em 7,67 dólares, apontando para um potencial de valorização de 167,24% para os próximos 12 meses, face à última cotação de fecho.